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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Matéria da avaliação do dia 27/9 - nona série

CONTEÚDOS:

·         O homem, a natureza e o espaço geográfico; (CAPÍTULO 1)

SUBTEMAS

·         Climatologia: Pressão atmosférica, temperatura, pluviosidade e circulação atmosférica.
·         Solos: Formação dos solos, intemperismo e processos erosivos
·         Biosfera: A distribuição dos seres vivos pelas paisagens terrestres e seu papel para a transformação da paisagem.
·         Litosfera: A dinâmica da tectônica de placas.
·         Hidrosfera: O ciclo hidrológico e o papel da água para a composição da paisagem terrestre.
·         Grandes problemas ambientais: Efeito Estufa, Buraco na camada de ozônio, Chuva Ácida e Ilha de Calor.
·         Vertentes: Definição e conceitos.
·         Isolinhas: interpretação das isóbaras e curvas de nível.


HABILIDADES:

·         Caracterizar as “esferas” terrestres: Atmosfera, litosfera e hidrosfera.
·         Compreender as relações entre as “esferas” terrestres e as conseqüências destas relações para o homem;
·         Relacionar a latitude, altitude e a temperatura;
·         Relacionar a latitude, altitude e a vegetação;
·         Diferenciar o tempo geológico do tempo humano;
·         Compreender a relação da vegetação com a dinâmica de outros elementos naturais;
·         Interpretar climogramas.
·         Compreender a relação entre o gradiente de pressão horizontal e a direção e velocidade dos ventos.
·         Interpretar mapas que contém as isolinhas.
·         Definir a amplitude espacial dos fenômenos terrestres.
·         Compreender causa e efeito dos grandes problemas ambientais.



Onde Estudar:

·         Livro texto, primeiro capítulo.
·         Bloco de exercícios, exs 1,2,4,5,7,8,9,10 e 11.
·         Caderno

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O socialismo e a religião

Leia inteiramente o texto antes de responder as questões de 1 a 6.
Por Vladimir Lenin em 1905

A sociedade contemporânea assenta toda na exploração das amplas massas da classe operária por uma minoria insignificante da população, pertencente às classes dos proprietários agrários e dos capitalistas. Esta sociedade é escravista, pois os operários “livres”, que trabalham toda a vida para o capital, só “têm direito” aos meios de subsistência que são necessários para manter os escravos que produzem o lucro, para assegurar e perpetuar a escravidão capitalista.
A exploração econômica dos operários causa e gera inevitavelmente todos os tipos de opressão política, de humilhação social, de embrutecimento e obscurecimento da vida espiritual e moral das massas. Os operários podem alcançar uma maior ou menor liberdade política para lutarem pela sua libertação econômica, mas nenhuma liberdade livrá-los-á da miséria, do desemprego e da opressão enquanto não for derrubado o poder do capital. A religião é uma das formas de opressão espiritual que pesa em toda a parte sobre as massas populares, esmagadas pelo seu perpétuo trabalho para outros, pela miséria e pelo isolamento. A impotência das classes exploradas na luta contra os exploradores gera tão inevitavelmente a fé numa vida melhor além-túmulo como a impotência dos selvagens na luta contra a natureza gera a fé em deuses, diabos, milagres etc. Àquele que toda a vida trabalha e passa miséria a religião ensina a humildade e a paciência na vida terrena, consolando-o com a esperança da recompensa celeste. E àqueles que vivem do trabalho alheio a religião ensina a beneficência na vida terrena, propondo-lhes uma justificação muito barata para toda a sua existência de exploradores e vendendo-lhes a preço módico bilhetes para a felicidade celestial. A religião é o ópio do povo. A religião é uma espécie de má aguardente espiritual na qual os escravos do capital afogam a sua imagem humana, as suas reivindicações de uma vida minimamente digna do homem.
Mas o escravo que tem consciência da sua escravidão e ergueu-se para a luta pela sua libertação já semideixou de ser escravo. O operário consciente moderno, formado pela grande indústria fabril, educado pela vida urbana, afasta de si com desprezo os preconceitos religiosos, deixa o céu à disposição dos padres e dos beatos burgueses, conquistando para si uma vida melhor aqui, na terra. O proletariado moderno coloca-se ao lado do socialismo, que integra a ciência na luta contra o nevoeiro religioso e liberta os operários da fé na vida de além-túmulo por meio da sua união para uma verdadeira luta por uma melhor vida terrena.
A religião deve ser declarada um assunto privado — com estas palavras exprime-se habitualmente a atitude dos socialistas em relação à religião. Mas é preciso definir com precisão o significado destas palavras para que elas não possam causar nenhum mal-entendido. Exigimos que a religião seja um assunto privado em relação ao Estado, mas não podemos de modo nenhum considerar a religião um assunto privado em relação ao nosso próprio partido. O Estado não deve ter nada a ver com a religião, as sociedades religiosas não devem estar ligadas ao poder de Estado. Cada um deve ser absolutamente livre de professar qualquer religião que queira ou de não aceitar nenhuma religião, isto é, de ser ateu, coisa que todo o socialista geralmente é. São absolutamente inadmissíveis quaisquer diferenças entre os cidadãos quanto aos seus direitos de acordo com as crenças religiosas. Deve mesmo ser abolida qualquer referência a uma ou outra religião dos cidadãos em documentos oficiais. Não deve haver quaisquer donativos a uma igreja de Estado, quaisquer donativos de somas do Estado a sociedades eclesiásticas e religiosas, que devem tornar-se associações absolutamente livres e independentes do poder de cidadãos que pensam da mesma maneira. Só a satisfação até o fim destas reivindicações pode acabar com o passado vergonhoso e maldito em que a igreja se encontrava numa dependência servil em relação ao Estado e em que os cidadãos russos se encontravam numa dependência servil em relação à igreja de Estado, em que existiam e eram aplicadas leis medievais e inquisitoriais (que ainda hoje permanecem nos nossos códigos e regulamentos penais) que perseguiam pessoas pela sua crença ou descrença, que violentavam a consciência do homem, que ligavam lugarzinhos oficiais e rendimentos oficiais à distribuição de uma ou de outra droga pela igreja de Estado. Completa separação da igreja e do Estado — tal é a reivindicação que o proletariado socialista apresenta ao Estado atual e à igreja atual.
A revolução russa deve realizar esta reivindicação como parte integrante necessária da liberdade política. Neste aspecto a revolução russa está colocada numa posição particularmente vantajosa, porque a abominável burocracia da autocracia policial-feudal causou o descontentamento, a agitação e a indignação mesmo entre o clero. Por mais embrutecido, por mais ignorante que fosse o clero ortodoxo russo, até ele foi agora acordado pelo estrondo da queda da velha ordem medieval na Rússia. Até ele adere à reivindicação de liberdade, protesta contra a burocracia e o arbítrio dos funcionários, contra a fiscalização policial imposta aos “servidores de Deus”. Nós, socialistas, devemos apoiar este movimento, levando até o fim as reivindicações dos membros honestos e sinceros do clero, agarrando-lhes na palavra sobre a liberdade, exigindo deles que rompam decididamente todos os laços entre a religião e a política. Ou sois sinceros, e então deveis ser favoráveis à completa separação da igreja e do Estado e da escola e da igreja, a que a religião seja completa e incondicionalmente declarada um assunto privado. Ou não aceitais estas reivindicações conseqüentes de liberdade, e então quer dizer que sois ainda prisioneiros das tradições da Inquisição, então quer dizer que ainda vos agarrais aos lugarzinhos oficiais e aos rendimentos oficiais, então quer dizer que não acreditais na força espiritual da vossa arma, continuais a receber subornos do poder de Estado, então os operários conscientes de toda a Rússia declarar-vos-ão uma guerra implacável.
Em relação ao partido do proletariado socialista a religião não é um assunto privado. O nosso partido é uma associação de combatentes conscientes e de vanguarda pela libertação da classe operária. Essa associação não pode e não deve ter uma atitude indiferente em relação à inconsciência, à ignorância ou ao obscurantismo sob a forma de crenças religiosas. Reivindicamos a completa separação da igreja e do Estado para lutar contra o nevoeiro religioso com armas puramente ideológicas e só ideológicas, com a nossa imprensa, com a nossa palavra. Mas nós fundamos a nossa associação, o POSDR, entre outras coisas precisamente para essa luta contra qualquer entontecimento religioso dos operários. E para nós a luta ideológica não é um assunto privado mas um assunto de todo o partido, de todo o proletariado.
Se assim é, por que é que não declaramos no nosso programa que somos ateus? por que é que não proibimos os cristãos e os que acreditam em Deus de entrar para o nosso partido?
A resposta a esta questão deve esclarecer a importantíssima diferença na maneira burguesa-democrática e social-democrata de colocar a questão da religião.
O nosso programa assenta todo numa concepção do mundo científica, a saber, a concepção do mundo materialista. A explicação do nosso programa inclui por isso necessariamente também a explicação das verdadeiras raízes históricas e econômicas do nevoeiro religioso. A nossa propaganda inclui também necessariamente a propaganda do ateísmo; a edição da correspondente literatura científica, que o poder de Estado autocrático-feudal rigorosamente proibia e perseguia até agora, deve agora constituir um dos ramos do nosso trabalho partidário. Teremos agora, provavelmente, de seguir o conselho que Engels uma vez deu aos socialistas alemães: traduzir e difundir maciçamente a literatura iluminista e ateísta francesa do século XVIII.
Mas ao fazê-lo não devemos em caso nenhum cair num modo abstrato e idealista de colocar a questão religiosa “a partir da razão”, fora da luta de classes, como não poucas vezes é feito pelos democratas radicais pertencentes à burguesia. Seria um absurdo pensar que, numa sociedade baseada na opressão e embrutecimento infindáveis das massas operárias, pode-se, puramente por meio da propaganda, dissipar os preconceitos religiosos. Seria estreiteza burguesa esquecer que o jugo da religião sobre a humanidade é apenas produto e reflexo do jugo econômico que existe dentro da sociedade. Não é com nenhum livro e nem com nenhuma propaganda que pode-se esclarecer o proletariado se não o esclarecer a sua própria luta contra as forças negras do capitalismo. A unidade desta luta realmente revolucionária da classe oprimida pela criação do paraíso na terra é mais importante para nós do que a unidade de opiniões dos proletários sobre o paraíso do céu.
É por isso que não declaramos nem devemos declarar o nosso ateísmo no nosso programa; é por isso que não proibimos nem devemos proibir aos proletários que conservaram estes ou aqueles vestígios dos velhos preconceitos que aproximem-se do nosso partido. Sempre defenderemos a concepção do mundo científica, é-nos necessário lutar contra a inconseqüência de quaisquer “cristãos”, mas isto não significa de modo nenhum que deva-se avançar a questão religiosa para primeiro lugar, que de maneira nenhuma lhe pertence, que se deva admitir a dispersão das forças da luta realmente revolucionária, econômica e política, por causa de opiniões ou delírios de terceira ordem que perdem rapidamente todo o significado político e são rapidamente deitados para a arrecadação dos trastes velhos pelo próprio curso do desenvolvimento econômico.
A burguesia reacionária preocupou-se em toda parte e começa agora também a preocupar-se no nosso país em atiçar a hostilidade religiosa, para desviar para esse lado a atenção das massas das questões econômicas e políticas realmente importantes e fundamentais, que o proletariado de toda a Rússia, que se une na sua luta revolucionária, está agora a resolver na prática. Esta política reacionária de dispersão das forças proletárias, que hoje se exprime principalmente nos pogroms das centúrias negras, talvez pense amanhã em quaisquer formas mais sutis. Nós, em qualquer caso, opor-nos-emos a ela com uma propaganda, tranqüila, conseqüente e paciente, isenta de todo o avivamento de divergências de segunda ordem, da solidariedade proletária e da concepção do mundo científica.
O proletariado revolucionário conseguirá que a religião se torne realmente um assunto privado para o Estado. E neste regime político, depurado do bolor medieval, o proletariado travará uma luta ampla e aberta pela eliminação da escravidão econômica, verdadeira fonte do entontecimento religioso da humanidade.

Exercícios

1) No primeiro parágrafo, Lenin denuncia uma injustiça da sociedade em que foi contemporânea. Qual é esta injustiça?
2) O que seria a escravidão capitalista para Lenin?
3) Procure saber em uma pesquisa suscinta quem foi Vladimir Lenin.
4) Leia:  "Àquele que toda a vida trabalha e passa miséria a religião ensina a humildade e a paciência na vida terrena, consolando-o com a esperança da recompensa celeste." Nesta frase, no contexto em que ela está colocada no texto, Lenin demonstra ser favorável ou a favor da religião em uma sociedade capitalista?
5) O que Lenin quis dizer quando argumenta que "A religião é o ópio do povo"?
6) Lenin prega a proibição da religião? Qual é a visão de Lenin quando a relação entre Estado e Religião?




sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Notas Climatológicas

Retiradas do livro "Introdução à climatologia para os trópicos" de J.O.AYOADE.

tempo e clima

"Por tempo nós entendemos o estado médio da atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado lugar. Por outro lado, clima é a síntese do tempo num dado lugar durante um período de aproximadamente 30-35 anos. O clima portanto, refere-se às características da atmosfera, inferidas de observações contínuas durante um longo período. O clima abrange um maior número de dados do que as condições médias do tempo numa determinada área. Ele inclui considerações dos desvios em relação às médias (isto é, variabilidade), condições extremas, e as probabilidades de frequëncia de ocorrência de determinadas condições de tempo. Desta forma, o clima apresenta uma generalização, enquanto o tempo lida com eventos específicos". (AYOADE, 2003, p. 2)

Troposfera e Estratosfera

"A camada mais baixa da atmosfera é denominada troposfera. A troposfera contém cerca  de 75% da massa gasosa total da atmosfera e virtualmente a totalidade do vapor d´água. Portanto, ela é a camada onde os fenômenos do tempo atmosféricos e a turbulência são mais marcantes e tem sido descrita  como a camada da atmosfera que estabele as condições do tempo. Por estas razões, torna-se de importância direta para o homem. Na troposfera, a temperatura diminui a uma taxa média de 6,5 ºC por quilômetro.
A estratosfera é a segunda camada principal da atmosfera e estende-se deste a troposfera até cerca de 50 quilômetros acima do solo. Diferentemente do que acontece na troposfera, na estratosfera a temperatura geralmente com a altitude. Como a densidade do ar é muito menor, até mesmo uma absorção pequena de radiação solar pelos constituintes atmosféricos, notadamente o ozônio, produz um grande aumento de temperatura. A estratosfera contém grande parte do ozônio total atmosférico. A concentração máxima de ozônio ocorre  em torno da altitude de 22 quilômetros acima da superfície terrestre. Diferentemente da troposfera, a estratosfera contém pouco ou nenhum vapor d´água." (AYOADE, 2003, p.20-21)

" Várias escalas são usadas para expressar as temperaturas. Estas incluem a Fahrenheit (F), a centígrada (C) e a Kelvin (K). Na maior parte dos países as temperaturas são expressas em escalas centígradas. As temperaturas na escala Fahrenheit (F) podem ser convertidas para Celsius com a fórmula:

C = 5/9 (F-32)

O zero na escala de temperatura Kelvin ou absoluta é a temperatura na qual o gás teoricamente cessaria de exercer qualquer pressão, e essa temperatura é -273º C. Portanto, as temperaturas centígradas podem ser convertidas para Kelvin acrescentando-se 273 a elas. Alternativamente, as temperaturas absolutas de Kelvin podem ser convertidas para (ºC) ao subtrairmos 273 delas." (AYOADE, 2003, p.50, 51)

"A distância dos corpos hídricos influencia a temperatura do ar por causa das diferenças básicas nas características térmicas das superfícies continentais e hídricas. Estas diferenças ajudam a produzir o efeito da continentalidade, no qual a superfície continental se aquece e se resfria mais rapidamente do que a superfície hídrica." (AYOADE, 2003, p.53)

Temperaturas médias dos hemisférios Norte e Sul

Norte: 22,4 ºC no verão, 8,1º C no inverno.
Sul:  17,1ºC no verão, 9,7ºC no inverno.

Pressão atmosférica e deslocamento do ar

A causa primordial do movimento do ar é o desenvolvimento e a manutenção de um gradiente de pressão horizontal, que funciona como a força motivadora para o ar se movimentar de áreas de alta pressão para áreas de menor pressão atmosférica. Diferenças horizontais na pressão são criadas por fatores térmicos e/ou mecânicos, embora estes nem sempre sejam distinguíveis. (AYOADE, 2003, p.73)

Exercícios.

1) O estudo do tempo é ideal para o entendimento da atmosfera no passado e no futuro? Justifique.
2) Qual é a relevância fundamental da concentração do ozônio na estratosfera?
3) O que define a distribuição da pressão atmosferica na superficie do globo?

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A análise geográfica

Por Leonardo Luiz Silveira da Silva

"Todo mundo acredita que a geografia não passa de uma disciplina escolar e universitária, cuja função seria a de fornecer elementos de uma descrição do mundo, numa certa concepção "desinteressada" da cultura dita geral ... Pois, qual pode ser de fato a utilidade dessas sobras heteróclitas das lições que foi necessário aprender no colégio? As regiões da bacia parisiense, os maciços dos pré-Alpes do norte, a altitude do Monte Branco, a densidade da população da Bélgica e dos países baixos, os deltas da Ásia das Monções, o clima bretão, longitude, latitude e fusos horários, os nomes das principais bacias carboníferas da URSS e dos grande lagos americanos, etc."
"Uma disciplina maçante, mas antes de tudo simplória, pois, como qualquer um sabe, "em geografia nada há para entender, mas é preciso ter memória"  De qualquer forma, após alguns anos, os alunos não querem mais ouvir falar dessas aulas que enumeram, para cada região ou para cada país, o relevo, o clima, a vegetação, a população, a agricultura, as cidades e as indústrias." (LACOSTE, 2005, p.21)

A construção da percepção da geografia como uma disciplina meramente descritiva, bem como o sufixo "grafia" sugere é condenável. A geografia é uma disciplina ANALÍTICA e como tal, exige uma construção teórica que difere do enciclopedismo e da tradicional decoreba. A geografia escolar já foi meramente descritiva. Assim como a tecnologia avança a serviço da sociedade, as disciplinas também reposicionam o seu lugar e redimensionam o seu escopo. Desta forma, as avaliações escolares e as aulas não podem ser meramente descritivas. Os livros didáticos, contudo, permanecem como bastiões do tradicionalismo, mas NÃO podem ser abandonados, como veremos a seguir.

Muito mais importante do que recitar rios do continente norte-americano (ENCICLOPEDISMO) é observar em um mapa hipsométrico (de relevo) um rio, cujo o nome não se sabe, atravessar um terreno acidentado e sugerir formas de seu aproveitamento de suas águas (ANÁLISE). Mais importante do que decorar os tipos climáticos de todo o mundo (ENCICLOPEDISMO) é comparar dois climogramas e sugerir qual deles pertence a uma localidade situada em maior latitude (ANÁLISE). Mais importante do que decorar todo o conjunto de regras que compõem o Tratado de Maastrich que dá rumo a União Europeia (ENCICLOPEDISMO) é compreender os impactos da moeda única para o continente europeu (ANÁLISE).

Para construir a análise, é necessário o desenvolvimento das ferramentas geográficas. São elas, por exemplo:

- A compreensão dos problemas e das possibilidades do uso de indicadores socioeconômicos;
- o "alfabetismo cartográfico";
- A compreensão entre as interações das "esferas terrestres": atmosfera, biosfera, hidrosfera e litosfera;

Uma vez desenvolvidas as ferramentas geográficas, o aluno torna-se capaz de interpretar situações problemas de regiões terrestres que nunca visitou, nunca leu a respeito e nunca ouviu falar. Este é o "elixir da geografia". O ponto de partida para o desenvolvimento das ferramentas geográficas é a BASE CONCEITUAL:
 Exemplo:
- conceituar amplitude térmica.
- diferenciar o conceito de amplitude térmica diária de amplitude térmica anual.

Aí entra o livro didático. O LIVRO é o BANCO mais COMPLETO de BASE CONCEITUAL que o aluno terá durante o ano letivo. Contudo, existem alguns alunos que não sentirão tanta necessidade do livro didático como outros. COMO isto se explica?
Pelo nível de desenvolvimento das ferramentas geográficas. Existem alunos que, pela sua experiência de vida, pelas horas sentados na frente do sofá assistindo jornal, pela curiosidade inata de interpretar informações incompletas, desenvolveram diversas ferramentas geográficas e estão em um nível acima da base conceitual contida nos livros.

Os livros estão errados?
Nem todos são bons, talvez pela pouca ousadia do autor em abordar mais temas analíticos, exigir mais ferramentas geográficas e se limitarem algumas vezes na base conceitual.  NEM todos os temas podem extrapolar a base conceitual no nível escolar. Isto também é importante destacar. Existem temas que a base conceitual basta, pois o nível analítico do assunto que carrega é tema universitário. Exemplo: A compreensão da dinâmica dos fenômenos El Nino e La Nina juntamente com as consequências nas mais isoladas áreas do globo terrestre. Para tanto, é necessário um conjunto de informações, extremamente dinâmico, como é o clima que não se repete de um ano para o outro, para que o analisador consiga apontar qual é o peso da participação do El nino para meses muito quentes.

Como usar o livro:
Como base conceitual, como um guia que organiza os conteúdos a serem vistos na série e como um banco de análises.

Foi dito que o livro não possui análises?
Não. O livro as possui. O professor não pode se limitar a elas pois não existe um livro que consiga abordar todas as possibilidades de situação problema. Diante de possibilidades tão variadas, parece-me precário para o geógrafo se ater ao livro.


Questões:

1) Diferencie a análise do enciclopedismo.
2) Qual é o papel do livro didático?
3) Toda a base conceitual é passível da mais profunda análise em nível escolar? Justifique.
4) Quem possui conceitos geralmente consegue analisar ou quem analisa domina os conceitos? Justifique.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

# 3 Morre o presidente Kim Jong-il

Por Leonardo Luiz Silveira da Silva
Morreu neste dia 19 de dezembro de 2011 Kim Jong-il, presidente da Coréia do Norte e sucessor de Kim il-Sung, deixando como provável precessor o seu filho Kim Jong-un. O mundo observará atentamente a reorganização do executivo norte-coreano, na esperança de que o novo chefe de Estado possa tornar a Coréia do Norte um país mais aberto ao diálogo.




Um dos últimos bastiões do socialismo em sua forma mais ortodoxa (comparado aos demais regimes que adotaram essa forma de governo), a Coréia do Norte parece ainda viver na década de 1960. Podemos afirmar isso se tomarmos como base o isolamento do país ao ocidente bem como se analisarmos o atraso de suas obsoletas estruturas/modelo produtivos, que custam a Coréia do Norte a difícil situação econômica em que se encontra. O país adotava a política conhecida como "Nuke for food" - mísseis por comida - que consiste na ameaça de produção de armas de destruição em massa (nucleares no caso em questão) como forma de persuasão política. Com essa ameaça a Coréia do Norte conseguiu por algumas vezes angariar apoio econômico internacional a troco de uma suposta suspensão do "programa de desenvolvimento bélico" tão inquietante para a Coréia do Sul - país vizinho e dotado de rivalidades históricas em relação ao seu vizinho setentrional - e para o Japão.

O novo chefe do executivo terá a tarefa de lidar com um país cambaleante no ponto de vista econômico e que sofre cada vez mais pressões para a descaracterização do seu modelo político econômico. Enfrentará o dilema já experimentado outrora por Mikhail Gorbatchev: o de flexibilizar a economia e a política como forma de revigorar a economia (colhendo com isso a descaracterização do regime) ou, em um caminho contrário, o de manter a ortodoxia político econômica como forma de manter o regime (colhendo com isso a atrofia econômica). Essa escolha já estava nas mãos do falecido líder Kim Jong-il, cabendo agora ao seu sucessor dançar a mesma música ou apostar em uma nova melodia.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dica de Leitura II - Topofilia (1980)

Por Leonardo Luiz Silveira da Silva

Yi-Fu Tuan definiu um neologismo que trabalha com os conceitos de cultura e paisagem: a topofilia.
Para Tuan (1980),

A topofilia é um neologismo, útil quando pode ser definida em um sentido mais amplo, incluindo todos os laços afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material. A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente estética: em seguida, pode variar dô efêmero prazer que se tem de uma vista, até a sensação de beleza, igualmente fugaz, mas muito mais intensa, que é subitamente revelada. A resposta pode ser tátil: o deleite ao sentir o ar, água, terra. Mais permanentes e mais difíceis de expressar, são os sentimentos que temos para com um lugar, por ser o lar, o locus de reminiscências e o meio de se ganhar a vida. (TUAN, 1980, p.107)

                       A obra "topofilia" de Tuan está esgotada.
                      Esperamos pela boa vontade de alguma editora...



O conceito de topofilia está ligado a atribuição de um valor cultural a um elemento da paisagem. O neologismo de Tuan, topofilia, consegue através de um conceito expressar um significado denso, que é justamente a relação entre a paisagem, memória e cultura. O próprio Tuan escreve um outro livro chamado Paisagens do Medo, em que um sentimento oposto ao da topofilia, visto muitas vezes como uma atribuição cultural positiva, é destacado. Para as paisagens do medo, é sugerido o termo "topofobia", uma derivação do original topofilia. Este jogo de palavras não terminou aqui. O legado de Tuan deu origem a outros termos dados por profissionais que apreciam a percepção ambiental. Neste caso, um destaque para Douglas Porteous (1988) que criou o termo topocídio, que seria a aniquilação de paisagens ou elementos dela que receberam significado cultural e que foram brutalmente aniquiladas. Porteous, no seu caso particular, utiliza o termo na ocasião da substituição gradativa de uma área residencial por outros tipos de uso.  O conceito de topocídio é muito útil hoje. Afinal, o respeito aos valores culturais de outras sociedades, sobretudos aquelas mais frágeis, é muito necessária. Para tanto, o relativismo cultural torna-se um valor muitissimo necessário como forma de garantir a pluralidade cultural, ou, pelo menos, evitar a violência de um processo de aculturação abrupto.


              Outra Obra de Tuan: A paisagem do Medo
               Este livro não está esgotado como a Topofilia.
              Em um dos seus capítulos, aborda a interessante ideia
             das sociedades sem medo, em que, por exemplo, a morte
              não é vista como assombro e o luto não existe.



O topocídio, que seria a eliminação do significado cultural de uma dada paisagem atribuído por uma determinada sociedade é um caminho sem volta para a aniquilação de uma cultura, pois expõe sua fragilidade , mediante as forças topocídicas.  Tuan escreve em topofilia (1980) um trecho que endossa este raciocínio:

A ilusão de superioridade e centralidade provavelmente é necessária para a manutenção da cultura. Quandoa  crua realidade despedaça essa ilusão, é possível que a própria  cultura decline. No mundo moderno de comuniçãoes rápidas é difícil para as pequenas comunidades acreditarem que estejam, em qualquer sentido literal, no centro das coisas, embora algo dessa fé seja necessário se elas desejam prosperar. (TUAN, 1980, p.36)

AMORIM FILHO (1999), professor que tive o prazer de ser aluno, trouxe no final do milênio a sugestão do termo topo-reabilitação, que seria justamente a recuperação da paisagem com significado cultural que foram atacadas pelas forças topocídicas.
Em suma, a contribuição de Yi-Fu Tuan foi muito importante para os estudos de percepção ambiental. Estranho o fato de que o seu neologismo - topocídio - não tenha se tornardo uma palavra mais comum, tanto cotidianamente quanto no meio acadêmico.


                                                                        Yi-Fu Tuan
                                                     

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Dica de Leitura I - Persépolis

Introdução
Quando tive o primeiro contato com o livro Persépolis (Satrapi, Marjane. Persépolis, São Paulo: Companhia das letras, 2007), tive uma má impressão inicial. Era um livro de grande volume, composto por uma história em quadrinhos a respeito de uma iraniana. Esta primeira impressão não me motivou. Senti-me obrigado a analisar detidamente o livro, pois foi apresentado por um aluno, que insistia em me perguntar se havia lido. Enfim comprei e me surpreendi. Persepólis possui a linguagem lúdica do quadrinho combinada com uma profundidade muito interessante. Somente quem já leu bastante Persépolis consegue terminar sua leitura sem ficar em dúvida a respeito de alguns termos, bem como entender algumas piadas propostas.



Conteúdo
O livro é uma biografia de Marjane Satrapi, uma iraniana nascida em 1969 e que viveu os anos turbulentos da transição política do Irã que culminou com a Revolução islâmica de 1979. Pôde acompanhar, ainda criança, o Irã do xá Mohamed Reza Pahlevi bem como sua queda, que coincide com a ascensão do aiatolá Khomeini. Ao que pese a pouca referência a Khomeini em si, Persépolis apresenta importantes elementos comparativos da sociedade iraniana no período anterior e posterior a queda do xá. Persépolis apresenta também o contexto político social iraniano durante a guerra Irã x Iraque. Neste contexto, a sociedade iraniana vivia um duplo conflito: a tensão do cotidiano de um país em guerra juntamente com o fortalecimento da ortodoxia religiosa estabelecido pela Teocracia xiita. O livro também quebra alguns paradigmas importantes, como por exemplo a forte associação que comumente é feita entre a sociedade xiita e a ortodoxia religiosa, a medida que, o lar em que Marjane foi criado é um lar politicamente ativo e laico, o que acabou tornando a jovem iraniana como uma grande crítica do regime.

OBS: O livro já foi publicado no Brasil

Indicações para professores: Indico para professores que estejam trabalhando com a Revolução islâmica de 1979; com mudanças sociais a partir das revoluções e com Geografia Regional do Oriente Médio.
Habilidades do Enem presentes na interpretação do livro:

H3 - Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
H4 - Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H7 - Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações
H8 - Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 - Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 - Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou
rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14 - Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H21 - Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H24 - Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.

Ou seja, é um livro atual para as demandas do Exame Nacional do Ensino Médio.